Neste artigo além de informação geral vamos ensinar-lhe um teste que pode dar alguma ajuda.
Podemos traduzir rapidamente “displasia da anca” por: dor na articulação de uma anca que tem um mau funcionamento.
Porque é que ela funciona mal?
– Porque a sua geometria se tornou anómala em alguma fase do crescimento do cachorro.
Já viu um cachorro que ao brincar evita permanecer muito tempo em corrida ? Que se senta constantemente no decurso das brincadeiras? Que tem um galope diferente dos outros cães, em que os dois pés saem do chão ao mesmo tempo e contactam com o solo em simultâneo (tipo saltos de coelho)?
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Estes animais são suspeitos de displasia da anca.
Como posso aumentar a minha suspeita?
Vamos ensinar-lhe um teste que se tem mostrado muito útil no rastreio desta doença e que consiste em efectuar uma extensão passiva lenta e progressiva da articulação:
1 – Posicione-se por detrás do cão , ponha uma mão sobre a garupa e com a outra mão segure um pouco acima do joelho do lado da anca que vai testar.
2 – Lenta e progressivamente puxe o joelho para trás e para cima observando atentamente as reacções do animal. No grau máximo de extensão o joelho está um pouco abaixo da linha da garupa. Pare a manipulação assim que o animal der sinais de desconforto, se for esse o caso.
3 – As reacções possíveis são:
– Sinais de desconforto óbvio (ganir, olhar para trás e esquivar-se a esta posição, tentar morder – cuidado!! se não tem confiança com o cão que está a manipular não execute este teste);
– Sinais de desconforto ligeiro (os mesmo sinais mas menos evidentes, alguns cães simplesmente deitam-se como forma de dizer que não gostam da manipulação);
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– Ausência de reacção – apesar de que alguns cães vão achar estranho esta “brincadeira” porque não estão habituados a ela , se a repetirmos algumas vezes dando-lhe sinais de que estamos só a brincar com ele , ele mostrará claramente que não sente dor nem desconforto.
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Razões para o teste não funcionar:
– Alguns cães não gostam desta abordagem porque ser aproximado e agarrado pelos quartos traseiros é uma posição de dominância na linguagem deles, e muitos não estão dispostos a serem dominados. Nestes animais as reacções de esquiva ou de aviso, como o rosnar, pode não ser prova de desconforto ao teste.
– Alguns cães simplesmente não gostam de ser tocados e reagirão mal a qualquer outro tipo de manipulação que não seja a clássica festa na cabeça. Mas o dono conhecerá o seu cão melhor que ninguém e sabe que é disto que se trata.
– Alguns animais podem ter dores na coluna lombar e queixam-se neste teste. Isto é muito raro em cães jovens de raças grandes e é mais provável em animais mais idosos.
Tratamentos para a displasia da anca
Nem todos os cães com displasia são candidatos a cirurgia para corrigir este problema. Porquê?
– Porque alguns animais têm sintomas muito ligeiros que nem nos apercebemos da existência da doença. Muitas vezes só a reconhecemos na “3ª idade” do cão. É possível um cão ter uma displasia ligeira e tendencialmente silenciosa. Se na nossa avaliação assumirmos que a qualidade de vida destes animais não se vê muito afectada pela doença, podemos tomar uma atitude de vigilância, sempre tendo em mente que um agravar da doença poderá justificar outras opções de tratamento, nomeadamente as cirúrgicas. Esta decisão é sempre muito mais complicada se se tratar de um cachorro, porque, como está numa fase de “plasticidade” da anca, uma intervenção cirúrgica agora poderia evitar o escalar da doença na vida adulta.
Outros animais já têm uma doença articular degenerativa (artrose) instalada e isso pode impossibilitá-los de beneficiar de algumas técnicas cirúrgicas que já não estão adaptadas ao seu caso, e ainda que hajam outras técnicas para o seu caso como a prótese de anca, a análise custo/benefício pode excluí-los destas soluções.
Quais são as medidas que beneficiam todos os cães com displasia (operados ou não operados)?
O controlo do peso. Manter o peso ideal equivale a não sobrecarregar as articulações. Isto ajuda os cães com displasia a compensar a sua doença, ou pelo menos a não agravá-la, se isso for possível, e ajuda a prevenir que outros cães desenvolvam a doença.
O exercício em pisos adequados. Consideram-se adequados todos os pisos em que o animal não escorregue com facilidade, que não cause o desgaste excessivo das unhas e os pisos que amorteçam os impactos do apoio em corrida e em salto, poupando as articulações às grandes forças que se geram nalguns destes impactos. (o asfalto não será adequado para exercícios muito prolongados).
Os medicamentos podem ajudar ?
Os anti-inflamatórios têm utilidade para diminuir o grau de dor e inflamação nas crises agudas, mas não para controlar estes sintomas a longo prazo.
O que pode a cirurgia fazer nos casos de displasia da anca?
A cirurgia pode ajudar o cão com displasia a recuperar a sua qualidade de vida. Estas técnicas alteram de forma diversa a geometria da anca e podem colocar o animal numa posição de compensação, por forma a este deixar de ter crises e deixar de tomar analgésicos e anti-inflamatórios.
Com que idade é possível iniciar o rastreio e chegar ao diagnóstico?
Muitos dos estudos mais recentes sobre a doença têm sido dirigidos para o diagnóstico precoce.
Alguns destes estudos apontam os 4 meses como a idade em que os resultados dos exames dão informações com elevada fiabilidade. Na nossa experiência é possível detectar ao exame clínico sinais de desconforto mesmo antes desta idade, o que nos irá assinalar a necessidade de manter estes cachorros sob uma apertada vigilância médica.
Peça uma avaliação o mais cedo possível, não adie esta questão !
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