SERVIÇOS
Cirurgia e Diagnóstico
Realizamos uma grande variedade de procedimentos que incluem tecidos moles, neurocirurgia e cirurgia ortopédica.
Estes são alguns dos serviços disponíveis (incluímos a maioria das patologias com que lidamos na nossa prática corrente,
servindo como referência geral).
CIRURGIA PLÁSTICA E RECONSTRUTIVA
- Correcção de defeitos de pele
- Enxertos de pele
CIRURGIA AURICULAR
- Recessão do canal auricular lateral
- Ablação do canal auricular vertical
- Ablação total do canal auricular
- Osteotomia da bolha timpânica
CIRURGIA DA CAVIDADE ORAL E OROFARINGE
- Maxilectomia parcial
- Mandibulectomia parcial e total
- Tonsilectomia
- Excisão de glândulas salivares
- Cirurgia de palato mole
- Fenda palatina congénita e adquirida
- Tumores Orais
- Mucocélios salivares
CIRURGIA DO SISTEMA URINÁRIO
- Uréter ectópico
- Cálculos uretrais, renais ou vesicais
- Uretrostomia
- Nefrectomia
CIRURGIA DO SISTEMA ENDÓCRINO
- Neoplasia das glândulas adrenais
- Tumores da tiróide
CIRURGIA DO SISTEMA REPRODUTOR
- Ovariosterectomia (piometra, prolapso/hiperplasia vaginal, neoplasia)
- Orquiectomia (tumores testiculares e escrotais)
- Tumores do vestíbulo vaginal
- Mastectomia
- Drenagem prostática (abcessos ou quistos prostaticos)
- Prostatectomia (neoplasia ou por infecção grave)
- Fimose/ Parafimose
- Tumores prepuciais e penianos
CIRURGIA TORÁCICA
- Fractura de costelas
- Hérnia diafragmática traumática
CAVIDADE ABDOMINAL, PÉLVICA E OUTROS
- Herniorrafias da parede abdominal (hérnias abdominais, hérnias inguinais, hérnias escrotais, …)
- Hérnia perineal
- Cirurgia do estômago:
Corpos estranhos gástricos, sindrome dilatação/torção gástrica, gastropexia curativa e preventiva,
neoplasia gástrica - Cirurgia Intestinal:
Corpos estranhos intestinais, neoplasia intestinal, intussuscepção, volvo/torção intestinal - Cirurgia do períneo, recto e ânus:
Saculectomia anal, prolapso rectal, neoplasia rectal e perianal - Cirurgia hepática e sistema biliar:
Abcessos ou quistos hepáticos, neoplasia hepatobiliar, colecistectomia - Cirurgia do Baço: torção do baço, neoplasia
Os traumatismos dão origem a patologias diversas que englobam fracturas, luxações, avulsões e roturas de ligamentos. As técnicas e filosofias modernas de osteossíntese, anestesia e analgesia permitem-nos recolocar rapidamente os animais que sofreram estes traumatismos numa situação de conforto e amenização de sofrimento.
As fracturas causadas por traumatismos de elevada energia e que podem implicar grande cominução, lesão vascular e perda de substância óssea são encontradas com alguma frequência nos nossos animais de companhia.
Seguimos a filosofia da osteossintese biológica no sentido de preservar ao máximo o potencial de cicatrização dos tecidos com a mínima invasão e, se necessário, compensar as perdas e fomentar a cura com enxertos de tecidos.
A cada situação corresponderá a técnica cirúrgica que consiga integrar a mínima invasão e o mínimo tempo de cura, garantir o conforto do paciente durante o tratamento e evitar as possíveis desvantagens dos implantes de longa permanência.
Não sendo possível mostrar uma lista exaustiva, referimos algumas situações cirúrgicas frequentes em ortopedia/traumatologia veterinária:
- Luxação do ombro
- Osteocondrite dissecante do ombro
- Tenosinovite do tendão bicipital
- Displasia do cotovelo
- Luxação do cotovelo
- Luxação antebraquiocarpal
- Roturas de ligamentos do carpo
- Luxações carpometacárpicas
- Displasia da anca (sinfiodese púbica, osteotomia pélvica tripla, plastia do bordo dorsal do acetábulo, ressecção de cabeça e colo femural, prótese total de anca)
- Luxação coxo-femoral
- Luxação congénita da rótula
- Rotura do ligamento cruzado anterior
- Meniscectomia parcial e total
- Luxações tibiotársicas
- Luxações tarso-metatársicas
- Rotura de ligamentos do tarso
Na área da traumatologia dispomos das mais variadas respostas, quer seja a aplicação de mini-placas
(ex: mandíbula, fracturas em raças mini-toy e em gato) ou a execução de fixadores externos híbridos e circulares (Método Ilizarov) em casos específicos.
- Hérnias discais
- Discoespondilite
- Síndrome de cauda equina
- Fracturas e luxações vertebrais
MEMBRO TORÁCICO
- Osteocondrite dissecante (OCD) do ombro
- O que é?
É uma condição de desenvolvimento que surge devido a um distúrbio na diferenciação normal das células da cartilagem, resultando na falha da ossificação endocondral (processo da formação óssea). OCD está predisposta em cães de raças gigante, dado que rápido crescimento da cartilagem pode exceder seu próprio aporte sanguíneo resultando num desenvolvimento anormal da cartilagem, que acaba por se soltar e ficar livre dentro da articulação (chamado de osteocondrite dissecante), o qual causa irritação das restantes estruturas (e.g. tendão do músculo bicípites). A alteração da superfície articular do ombro resulta em claudicação, dor e subsequente osteoartrite.
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- Quais os sintomas?
A maioria dos cães com OCD começa a apresentar sinais clínicos antes de completar um ano de idade, embora ocasionalmente (particularmente no ombro) os sinais possam aparecer quando seu cão é mais velho. Os sinais clínicos são variáveis e dependem do tamanho do defeito da cartilagem. Os sinais mais comuns incluem claudicação, rigidez, dor ou inchaço na articulação do ombro e relutância ao exercício.
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- Como diagnosticar?
O diagnóstico é feito com base no exame ortopédico e recurso a exame imagiológicos. Radiografias do ombro podem ser suficientes, mas por vezes a TAC dos ombros é necessária. O diagnóstico definitivo é feito durante o exame artroscópico do ombro.
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- Tratamentos:
O tratamento não cirúrgico é ocasionalmente apropriado para cães com pequenos defeitos de cartilagem e desconforto mínimo, no entanto, a maioria dos cães é tratada cirurgicamente. As seguintes opções estão disponíveis:
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- Artroscopia do ombro e remoção do fragmento de cartilagem com estimulação de uma nova superfície articular;
- Implante SynaCart®: É um implante osteocondral sintético que se coloca para substituir o defeito na superfície articular resultante da OCD e que apresenta características biomecânicas superiores ao tecido cicatricial que normalmente se formaria após a remoção do fragmento de cartilagem. Este procedimento é aconselhado em animais de desporto e defeitos de grande dimensão.
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- Instabilidade medial do ombro
- O que é?
Os animais afetados geralmente são cães de meia-idade, atléticos e de raças grandes. A lesão pode ser causada por trauma crónico, mas também trauma severo agudo. A claudicação em cães afetados costuma piorar após o exercício. Cães afetados por entorses de alto grau e distensões da articulação do ombro podem apresentar uma claudicação permanente óbvia.
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- Como é diagnosticada?
O diagnóstico é feito com base no exame ortopédico e recurso a exame imagiológicos. Radiografias do ombro podem ser suficientes, mas por vezes a TAC dos ombros é necessária. O diagnóstico definitivo é feito durante o exame artroscópico do ombro.
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- Como é tratada?
O tratamento da instabilidade do ombro depende do grau de instabilidade. Lesões de baixo grau são frequentemente tratadas não cirurgicamente com analgésicos, modificação do exercício e fisioterapia. As lesões de alto grau são tratadas cirurgicamente com estabilização protética ou artroplastia de excisão.
- Tendinite do músculo bicípite
- O que é?
A tendinite é a inflamação do tendão do bicípite e sua bainha circundante logo abaixo de sua inserção na escápula (omoplata). Após originar-se na escápula, o tendão cruza a articulação do ombro e se interconecta com o músculo bicípite. A inflamação ou lesão no tendão do bicípite pode resultar de uso excessivo repetitivo crónico (e.g. atividades de salto excessivo), trauma agudo ou outras condições degenerativas do ombro, como osteocondrite dissecante crónica (OCD) ou mineralização concomitante do tendão do músculo supraespinhal.
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- Quais os sintomas?
A tendinite do bicípite é mais frequente em cães de meia-idade a idosos, de raças médias a grandes, mas pode ser diagnosticada em qualquer raça em qualquer idade. Os cães exibem uma claudicação intermitente a constante nos membros torácicos que geralmente é agravada com o exercício. A dor é mais frequentemente exibida durante a hiperflexão de um ombro afetado. Conforme a doença progride, a claudicação torna-se mais consistente. A perda de massa muscular dos membros anteriores também é um achado comum.
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- Como é diagnosticada?
O diagnóstico é feito com base no exame ortopédico e recurso a exame imagiológicos. Radiografias do ombro podem revelar mineralização do tendão do bicípite e/ou envolvente. Ecografia do ombro permite identificar alterações estruturais do tendão do bicípite. Contudo, o diagnóstico definitivo é feito durante o exame artroscópico do ombro ou por ressonância magnética.
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- Como é tratada?
Inicialmente, a claudicação aguda pode ser tratada clinicamente com repouso, restrições de exercícios e anti-inflamatórios analgésicos. Em casos mais graves ou reincidentes é recomendada fisioterapia. Se a claudicação não resolver após o tratamento conservador apropriado, a cirurgia deve ser considerada.O tratamento cirúrgico visa cortar o tendão de sua origem dentro da articulação do ombro para eliminar o desconforto que ocorre com o alongamento do tendão pela articulação. Esta cirurgia é realiza por via artroscópica, pois resulta em menos danos ao tecido e um retorno mais rápido à função.
- Displasia do cotovelo
- O que é?
A palavra “displasia” significa “anormalidade do desenvolvimento”. O cotovelo é uma articulação complexa que envolve a articulação de três ossos (úmero, rádio e ulna). Se os três ossos não se encaixarem perfeitamente como resultado de um desenvolvimento anormal, a consequência é a concentração anormal de forças em uma região específica da articulação do cotovelo, que não resultarão apenas em osteoartrite, mas também em fraturas na articulação (fragmentação do processo coronóide) que requer tratamento cirúrgico.
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- Quais os sintomas?
A displasia do cotovelo é a causa mais comum de claudicação dos membros torácicos em determinadas raças de cães (e.g. Labrador Retriever). A claudição pode ser em um ou ambos os membros torácicos. No caso de a claudicação ser só num membro torácico pode ser vista como um aceno de cabeça quando o membro torácico sem dor é apoiado durante a marcha e um levantamento da cabeça quando o membro torácico com dor é apoiado durante a marcha. No caso de ambos os cotovelos estarem afetados, a claudicação irá ser alternada entre ambos os membros torácicos durante a marcha. A claudicação geralmente é desencadeada por repouso e exercícios prolongados. É comum os cães afetados claudicarem quando acordam, mas que melhora após algum exercício e retorna novamente no final. A displasia do cotovelo e a osteoartrite do cotovelo são as causas mais comuns de claudicação dos membros torácicos em cães de qualquer idade. Cães pequenos também podem ser afetados por displasia do cotovelo e esse problema deve ser suspeitado em qualquer cão com claudicação dos membros torácicos que não tenha sido causada por trauma.
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- Como se diagnostica?
Em muitos casos, a displasia do cotovelo pode ser diagnosticada por radiografias da articulação do cotovelo. No entanto, em fases iniciais pode não visível nas radiografias, e ser necessária a TAC dos cotovelos e confirmação do diagnóstico através da artroscopia dos cotovelos.
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- Como se trata?
- Artroscopia do cotovelo e remoção artroscópica de fragmentos: A artroscopia é a técnica padrão para o diagnóstico de problemas dentro da articulação e que permite o tratamento minimamente invasivo em simultâneo. O qual permite que a artroscopia possa ser feita em ambos os cotovelos se necessário durante o mesmo procedimento e com recuperação geralmente rápida. Em alguns casos, o problema está confinado a um fragmento isolado do processo coronoide da ulna. A maioria dos cães terá uma rápida melhora clínica após a remoção artroscópica do fragmento e, em alguns casos, essa melhora será mantida a longo prazo. O prognóstico a longo prazo depende do grau de osteoartrite na articulação do cotovelo.
- Osteotomia Dinâmica Bi-Oblíqua Proximal da Ulna: A cirurgia envolve o corte da ulna em um ângulo específico com a intenção de eliminar o conflito entre as superfícies articulares umeral e ulnar. Este procedimento ao eliminar o ponto de fricção, aumenta o nível de conforto e diminui a inflamação na articulação. Este procedimento é na maioria das vezes feito em combinação com artroscopia do cotovelo.
- Osteotomia de abdução proximal da ulna (PAUL): Esta técnica envolve uma osteotomia (corte do osso) da porção proximal da ulna. Uma placa ortopédica especialmente projetada é fixada para impor um alinhamento corretivo do membro, visando descarregar o compartimento medial da articulação do cotovelo. Este novo alinhamento retira carga do compartimento medial, aliviando a claudicação, rigidez e dor na articulação.
- Como se trata?
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- CUE – Substituição unicompartimental do cotovelo: O CUE é uma alternativa em cães adultos em estado avançado da displasia do cotovelo. Este procedimento cirúrgico avançado envolve colocar uma prótese parcial no compartimento medial do cotovelo, onde a cartilagem está ausente.
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- Não-união do processo ancóneo
- O que é?
É uma condição na qual uma protuberância óssea (processo ancóneo) dentro do cotovelo se desprende da ulna. Este fragmento ósseo solto causa dor e claudicação e contribui para danos articulares na articulação do cotovelo. Esta condição é mais frequente em determinadas raças (e.g. Pastore Alemão e Bernese Mountain Dog). É uma consequência do desalinhamento dos ossos que formam a articulação do cotovelo (incongruência da incisura ulnar ou síndrome da ulna curta).
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- Quais os sintomas?
Na maioria dos cães causa claudicação do membro torácico e dor durante a manipulação do cotovelo afetado. A obtenção de um resultado ideal depende do diagnóstico e tratamento precoces.
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- Como se diagnostica?
O método de diagnóstico mais utilizado é a radiografia. No entanto, em alguns casos, é necessário usar a TAC para um diagnostico conclusivo.
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- Como se trata?
O tratamento cirúrgico precoce é essencial para se obter um bom resultado. A cirurgia pode permitir a reinserção do processo ancóneo, mas só é apropriada em cães nos quais o diagnóstico é feito precocemente e onde o processo ancóneo está integro. Nos casos crônicos, o fragmento apresenta alteração da forma que não permite a sua reinserção, e a única alternativa é a sua remoção. Esta técnica é combinada com uma osteotomia proximal da ulna para permitir que a ulna proximal se mova para uma posição mais favorável em relação ao úmero.
- Ossificação incompleta do côndilo umeral
- O que é?
A articulação do cotovelo em cães é formada por três ossos: o rádio, a ulna e o úmero. Esses ossos giram em torno de um cilindro de osso preso ao úmero, chamado de côndilo umeral, funcionando como uma “dobradiça”. O côndilo umeral desenvolve-se a partir de duas partes separadas que se “fundem” geralmente entre 8 e 12 semanas de idade. Este processo é chamado de ossificação. No entanto, por vezes, o processo de ossificação não ocorre, deixando uma área de cartilagem no meio do côndilo que enfraquece significativamente essa região (ossificação incompleta do côndilo umeral ou IOHC) e que pode evoluir para uma fratura. Esta situação é mais comum em cães com mais de 18 meses de idade. As raças Spaniel (e.g. Springer Spaniel), são particularmente propensas a fraturas IOHC/fissura e é provável que a condição tenha uma forte base hereditária.
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- Quais os sintomas?
A maioria dos cães que sofrem de fratura IOHC/fissura exibe claudicação ou rigidez persistente ou intermitente dos membros anteriores, principalmente após se levantar. Este problema geralmente responde mal aos analgésicos. Contudo, alguns cães podem não apresentar nenhum sintoma. Na maioria dos casos, apresentam sinais de dor durante a manipulação da articulação do cotovelo afetada.
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- Como se diagnostica?
Em muitos casos, o IOHC pode ser diagnosticado por radiografias da articulação do cotovelo. No entanto, em muitos casos, o IOHC não será visível nas radiografias, especialmente se a fissura ou área do IOHC for muito pequena ou incompleta. A melhor maneira de diagnosticar o IOHC é através da TAC dos cotovelos. O exame de ambos os cotovelos é sempre aconselhado mesmo que só um cotovelo apresente sintomas.
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- Como se trata?
O tratamento cirúrgico por norma só é aconselhado em pacientes que apresentem sintomas relacionados ao IOHC. O tratamento cirúrgico envolve colocar um parafuso no côndilo para estabilizar o IOHC e fortalecer a área.
MEMBRO PÉLVICO
- Displasia da anca
- O que é?
A displasia da anca é uma condição genética canina na qual existe má formação da articulação. A displasia coxofemoral não é congênita porque os cães afetados nascem com a articulação morfologicamente normais. Os tecidos moles (ligamentos e cápsula articular) que normalmente estabilizam a articulação ficam lassos e consequentemente a articulação fica menos congruente e seguem-se alterações na morfologia do acetábulo e cabeça do fémur. Todos os cães com displasia da anca desenvolvem osteoartrite secundária da articulação afetada. A grande maioria dos cães tem ambas as articulações afetadas.
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- Quais os sintomas?
A displasia coxofemoral é a condição ortopédica mais comum em cães. Afeta com mais frequência cães grandes e de crescimento rápido, embora cães pequenos e gatos também possam ser afetados. O início dos sinais clínicos é variável, mas a maioria dos casos é diagnosticada entre 6 e 12 meses de idade. Os sinais clínicos são muito variáveis e incluem rigidez, intolerância ao exercício, dificuldade para levantar ou deitar, problemas para subir escadas e anormalidades na marcha, incluindo claudicação de um ou ambos membros pélvicos. É raro os cães demonstrarem sinais evidentes de dor em casa, embora os cães clinicamente afetados muitas vezes sintam muita dor quando seus membros pélvicos são manualmente estendidos.
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- Como se diagnostica?
O diagnóstico é feito com base no exame ortopédico e recurso a exame radiográfico. Para o efeito aconselha-se ao diagnóstico precoce aos 4 meses de idade.
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- Como se trata?
O melhor tratamento para a displasia coxofemoral depende de muitos fatores, mas o mais importante é a gravidade do problema clínico.No caso de sintomas ligeiros a moderados (claudicação ocasional e não limitante da atividade física) o tratamento não cirúrgico deve incluir o controlo do peso corporal, fisioterapia, modificação do exercício e medicação (analgésicos anti-inflamatórios). A curto prazo, a maioria dos cães melhorará com o tratamento adequado. Infelizmente, as melhorias raramente são mantidas a longo prazo. A maioria dos cães acompanhados até a velhice irão necessitar de restrição do exercício físico e medicação continuada.
Os tratamentos cirúrgicos estão indicados em:
– Nos casos de diagnóstico precoce, há procedimentos que podem melhorar a evolução da doença. Técnicas cirúrgicas são: sinfisiodese púbica juvenil, dartoplastia e DPO/TPO
– Nos casos avançados da displasia da anca ou outras doenças/traumas que impossibilitem a função normal da articulação coxofemoral. Técnicas cirúrgicas são: prótese total da anca e excisão de cabeça e pescoço femoral
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- Tratamentos cirúrgicos disponíveis no nosso centro:
- Sinfisiodese púbica juvenil (JPS): A cirurgia envolve a fusão prematura induzida da linha ventral que une cada hemipelvis, a fim de alterar o crescimento de forma do acetábulo dê mais cobertura à cabeça do fémur e assim melhor a função da articulação. Esta é uma cirurgia simples que envolve a cauterização elétrica de parte do púbis (na parte inferior da pelve). Para ser eficaz, os cães devem ter no máximo 5 meses de idade e devem ter laxidez leve a moderada confirmada por meio de testes manipulativos e radiográficos.
- Tratamentos cirúrgicos disponíveis no nosso centro:
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- Dartroplastia: O objetivo da dartroplastia é criar suporte ósseo dorsal adicional da cabeça do fêmur e prevenir a dor associada às rupturas da cápsula articular da borda acetabular dorsal, fornecendo um osso extensão da borda acetabular dorsal do acetábulo. Essas mudanças reduzem significativamente a subluxação dorsal e muitas vezes reduzem substancialmente a tendência de translação lateral.
- Osteotomia dupla pélvica (DPO): A principal indicação para esta cirurgia é tratar a instabilidade articular presente em cães jovens com displasia da anca, a fim de prevenir o desenvolvimento futuro de alterações articulares degenerativas que, de outra forma, causariam dor ao longo da vida e perda de mobilidade. Este procedimento só é eficaz em cães que ainda não apresentam remodelação significativa ou alterações artríticas e que apresentam lassidão leve a moderada. Sendo assim, este procedimento está limitado a cães com idades entre os 5 e 12 meses.Neste procedimento os ossos pélvicos são manipulados para alterar a orientação do acetábulo de forma a melhorar a função articular e reduzir a instabilidade. Durante este procedimento, é feito um corte num dos ossos pélvicos (ílio). Depois de feito o corte, a porção da pélvis que contém o acetábulo pode ser ligeiramente girada para aumentar a área de superfície do encaixe que cobrirá a cabeça do fémur. Este segmento ósseo é então fixado no lugar com uma placa cirúrgica personalizada.
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- Excisão de cabeça e pescoço femoral (FHNE): Este procedimento é de último recurso e geralmente considerado apenas nos casos em que a prótese total da anca não pode ser realizada (por exemplo, por razões financeiras ou devido a variações na anatomia individual que possam impedir a prótese total da anca). Nesta técnica, a cabeça e o colo femoral são completamente removidos, permitindo a formação de uma “articulação falsa”. A dor é aliviada pela eliminação do contato ósseo na articulação, mas a função da “articulação falsa” resultante é normalmente limitada, daí o resultado clínico poder ser imprevisível, principalmente em cães maiores. A fisioterapia intensiva é recomendada após este procedimento para maximizar o retorno da função de mobilidade.
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- Prótese total da anca
- O que é?
A prótese total da anca é reservada para animais com alterações severas da articulação da anca (e.g. displasia da anca, fraturas, luxação) em que o tratamento conservador não oferece vantagens, ou seja, é realizada como último recurso quando outros tratamentos se mostraram ineficazes.Cães com osteoartrite avançada ou displasia da articulação do quadril podem beneficiar da substituição da articulação da anca. A Prótese total da anca é um procedimento cirúrgico avançado e só deve ser realizado por cirurgiões ortopédicos experientes.
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- Em que consiste?
Atualmente, somos um dos poucos centros cirúrgicos em Portugal capazes de fornecer cirurgia de Prótese total da anca e oferecemos vários tipos diferentes de próteses.O procedimento envolve a remoção e substituição da cabeça do fémur (“bola”) do acetábulo da pélvis (“cavidade”). Os implantes podem ser fixados ao osso usando cimento ósseo ou podem ter um revestimento no qual o osso pode crescer
A taxa de sucesso para prótese total da anca é de aproximadamente 90-95%, e a maioria dos cães fica mais confortável alguns dias após a cirurgia. Muitos pacientes retornarão aos níveis máximos de atividade. O período de reabilitação demora 12 semanas na maioria dos casos e exercício físico sem limitações e sem dor é expectável no fim da recuperação.
- Rutura do ligamento cruzado cranial do joelho
- O que é?
É um ligamento dentro da articulação do joelho que prende o fêmur (osso da coxa) à tíbia (osso da canela), impedindo que a tíbia se desloque para a frente em relação ao fêmur. Também limita o excesso de extensão e rotação da articulação do joelho.A rutura do ligamento cruzado na maioria dos casos deve-se a um processo crónico degenerativo, mas também pode ocorrer devido a trauma.
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- Quais os sintomas?
O sintoma mais comum é a claudicação do membro pélvico afetado. A claudicação pode ser crónica progressiva e intermitente ou pode aparecer repentinamente durante ou após o exercício. Alguns cães são afetados simultaneamente em ambos os joelhos, e têm dificuldade em se levantar e apresentam uma marcha rígida dos membros pélvicos. Em casos graves, os cães não conseguem se levantar e pode-se erroneamente suspeitar de doença neurológico.A rutura do ligamento cruzado cranial desencadeia uma cascata de eventos, resultando em claudicação, dor e inflamação do joelho e consequente desenvolvimento de osteoartrite, atrofio muscular da coxa e danificação dos meniscos (“almofadas” dos joelhos).
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- Como se diagnostica?
O diagnóstico é feito com base no exame ortopédico e recurso a exames imagiológicos. O exame radiográfico é por norma o mais comum. Contudo, a cirurgia exploratória é usada para confirmar o diagnóstico e investigar possíveis danos nos meniscos.
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- Como se trata?
O tratamento conservador (repouso e analgésicos) geralmente não é recomendado, dado que o ligamento cruzado cranial tem uma capacidade de regeneração limitada e, ao deixar o joelho instável, levará a alterações secundárias no joelho (por exemplo, osteoartrite) e atrofia muscular. Sendo assim, o tratamento cirúrgico precoce deve ser indicado.O tratamento cirúrgico que oferece o melhor resultado é a técnica TPLO.
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- TPLO (osteotomia niveladora do platô tibial)
Esta cirurgia envolve a criação de um corte radial no topo da tíbia e a rotação do segmento proximal até que a inclinação do platô não seja relevante e necessária a presença do ligamento cruzado cranial. O corte na tibis é subsequentemente fixado nesta nova posição usando uma placa óssea e parafusos. O principal benefício prático é a resolução rápida da claudicação e da dor. As vantagens mecânicas, juntamente com o rápido retorno à função, especialmente importantes para cães pesados e/ou atléticos. Em alguns animais com rutura do ligamento cruzado cranial em ambos os joelhos, a TPLO pode ser realizada nos dois joelhos numa única cirurgia.
Como regra geral, mais de 90% dos cães retornam à atividade normal após TPLO – os donos são incapazes de detetar claudicação em casa, o exercício físico é feito sem restrições e não é necessário de medicação contínua. Espera-se que cães de trabalho (caça, guia ou forças de segurança) retornem ao trabalho após essas cirurgias.
- Luxação da patela (rótula)
- O que é e quais os sintomas?
A luxação patelar é uma condição ortopédica comum. Afeta principalmente cães (embora gatos também possam ser afetados) e é mais comum em cães de pequeno porte (embora cães de todos os tamanhos possam ser afetados). A idade de início dos sinais clínicos é variável. A maioria dos animais começa a mostrar sinais antes de um ano de idede, embora o aparecimento de sinais em cães adultos também seja comum (suspeita de trauma). Animais com uma postura de “pernas arqueadas” são mais propensos a serem afetados pela luxação patelar. A claudicação característica de “pular” intermitentemente com um membro pélvico é frequentemente observada. Contudo, claudicação continua e severa também pode ser reportada.
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- Como se diagnostica?
O diagnóstico é feito com base na história clínica, exame ortopédico e recurso a exames imagiológicos. O exame radiográfico é por norma o mais comum, mas em casos de suspeita de deformidade angular pode ser necessário TAC dos membros posteriores.
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- Classificação da luxação da patela (rótula):
O sistema de classificação é baseado na mobilidade da patela em relação ao sulco na base do fémur:
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- Grau 1: A patela pode ser luxada manualmente, mas é reduzida espontaneamente e geralmente não há sintomas.
- Grau 2: A patela luxa espontaneamente, é tipicamente associada a uma claudicação saltitante quando a patela se move.
- Grau 3: A rótula está permanentemente luxada, mas pode ser recolocada manualmente no sulco.
- Grau 4: A rótula está permanentemente luxada e não pode ser recolocada manualmente no sulco. Normalmente está associada a deformações da tíbia ou fémur, o que requer TAC dos membros pélvicos para um diagnóstico completo.
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- Como se trata?
A luxação patelar pode levar à perda de cartilagem na parte inferior da patela e/ou na superfície do sulco, pois a cartilagem é fisicamente desgastada pela patela escorregando para fora do sulco. Pacientes com luxação patelar medial também são mais propensos a desenvolver doença do ligamento cruzado cranial. O tratamento precoce reduz as alterações secundárias da doença e traduz-se numa recuperação mais rápida e significativa.A cirurgia é fortemente recomendada para luxação patelar grau 3 e 4. No caso de grau 2, a cirurgia é indicada apenas em cães com sinais clínicos significativos (e.g. claudicação diária).
Existem muitas técnicas cirúrgicas; o objetivo principal é realinhamento normal do músculo quadricípites em relação a todo o membro. Isso requer remodelação dos ossos e reconstrução dos tecidos moles. As técnicas efetuadas no nosso centro são:
– Transposição da tuberosidade tibial e Recessão troclear em bloco: Técnicas mais comuns de realinhamento da inserção do músculo quadricípites na tíbia e em tornar o sulco troclear mais profundo
– Osteotomia de correção do fémur e/ou tíbia: Corrigir deformação do fémur e/ou tíbia de forma a realinhar o mecanismo extensor dos quadricípites que contribui para a luxação da patela.
– Prótese parcial do joelho (PGR, Patellar Groove Replacement ®): Prótese do sulco troclear que é usado em situações que erosão articular e/ou deformações significativas do sulco troclear. A superfície da prótese permite um contacto sem fricção com a patela semelhante ao da cartilagem original. Elimina a fricção entre a cartilagem danificada da tróclea (fémur) e a patela, que normalmente se traduz em dor e crepitação durante flexão e extensão do joelho.
- O que é e quais os sintomas?
A luxação patelar é uma condição ortopédica comum. Afeta principalmente cães (embora gatos também possam ser afetados) e é mais comum em cães de pequeno porte (embora cães de todos os tamanhos possam ser afetados). A idade de início dos sinais clínicos é variável. A maioria dos animais começa a mostrar sinais antes de um ano de idede, embora o aparecimento de sinais em cães adultos também seja comum (suspeita de trauma). Animais com uma postura de “pernas arqueadas” são mais propensos a serem afetados pela luxação patelar. A claudicação característica de “pular” intermitentemente com um membro pélvico é frequentemente observada. Contudo, claudicação continua e severa também pode ser reportada.
- Rutura do tendão de aquiles
- O que é?
O tendão de Aquiles é o maior tendão complexo do cão. É a inserção combinada de cinco músculos diferentes. A rutura do tendão traduz-se no pé em posição plantígrada (postura semelhante ao pé nos humanos) e pode ter origem num trauma/laceração ou degeneração.
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- Quais os sintomas?
Os sintomas podem incluir:
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- Recusa em mover-se ou apoiar o membro pélvico
- Postura de pé chato (plantígrado)
- Dedos dos pés curvados para baixo
- Inchaço/calor na zona do tendão de Aquiles
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- Como se diagnostica?
O diagnóstico é feito com base no exame ortopédico e recurso a exames imagiológicos, que incluem radiografias e/ou ecografia.
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- Como se trata?
O tratamento cirúrgico atempado é recomendado. O tendão é reparado com auxílio a fibras sintéticas não absorvíveis que permitem a sua cicatrização e mantêm a sua função mecânica. É imperativo que articulação do tarso (tornozelo) seja imobilizado durante 6-8 semanas para permitir a cicatrização do tendão. A imobilização poderá ser feita com recurso a um fixador externo ou tala.
COLUNA VERTEBRAL
- Doença do disco intervertebral
- O que é?
É a doença da coluna vertebral mais comum em cães e também é observada ocasionalmente em gatos. Os discos intervertebrais são almofadas fibrocartilaginosas entre as vértebras que simultaneamente permitem o movimento e atuam como amortecedores. Os discos intervertebrais consistem num anel externo fibroso e num centro gelatinoso (núcleo pulposo). A degeneração do disco intervertebral resulta na diminuição da capacidade de absorção de choques e pode levar à rutura do disco e consequente compressão da medula espinhal. Os tipos de hérnia de disco são frequentemente descritos como Hansen tipo I (degeneração e extrusão do núcleo pulposo) e Hansen tipo II (degeneração e protrusão do anel fibroso).
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- Quais os sintomas?
O sinal mais comum associado à doença do disco intervertebral é a dor localizada nas costas ou no pescoço. Outros sintomas incluem postura anormal, tremores, respiração ofegante, relutância em movimentar-se, dificuldade em saltar, subir e descer escadas. Em casos mais graves, pode haver dificuldade para andar devido a fraqueza ou incoordenação dos membros posteriores até paralisia completa. Nos casos mais graves há perda de sensibilidade à dor e disfunção da bexiga.
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- Como se diagnostica?
A doença do disco intervertebral (IVDD) pode ser suspeitada com base nos sinais clínicos, especialmente em raças predispostas (e.g. Bulldog francês), contudo o exame imagiológico avançado (e.g. TAC ou ressonância) é necessário para confirmar o diagnóstico. As radiografias da coluna vertebral podem revelar alterações características da doença do disco, e.g. material de disco calcificado dentro do canal vertebral ou estreitamento do espaço do intervertebral, no entanto as radiografias raramente fornecem um diagnóstico conclusivo com localização precisa para o tratamento cirúrgico. A TAC e a ressonância magnética permitem o diagnóstico rápido e as informações necessárias para o tratamento cirúrgico.
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- Como se trata?
O tratamento conservador (não cirúrgico) só é aconselhado em casos ligeiros. No entanto, em casos com paralisia, o prognóstico é melhor com a cirurgia, ou seja, o cão ou gato tem maior probabilidade de recuperar a função de andar e ficar sem dor, tem maior probabilidade de melhorar rapidamente e menos probabilidade de ter recorrências. Os casos em que a sensação de dor está ausente são uma emergência cirúrgica e têm prognóstico reservado. A cirurgia da coluna vertebral mais comum realizada no cão é para a doença do disco intervertebral. Técnicas cirúrgicas para descompressão do canal medular incluem a ventral slot, hemilaminectomia, corpectomia, que podem requerer estabilização com auxílio de placas e parafusos ortopédicos
- Doença lumbosacral
- O que é?
A articulação lombossacral está predisposta a doenças degenerativas (desgaste). As vertebras lombares são móveis, enquanto o sacro é imóvel, tornando a articulação lombossacral uma zona de transição que predispõe à degeneração do disco levando à sua protrusão ou rutura e consequente compressão da medula espinhal e/ou nervos raquidianos. Essa compressão traduz-se em dor e possível disfunção nervosa (e.g. incontinência urinária/fecal).
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- Quais os sintomas?
A doença lombossacral afeta com mais frequência cães de raça grande de meia-idade ou mais velhos (e.g. pastores alemães e labradores). Os sintomas podem variar desde dor lombar ligeira a casos mais avançados com incontinência urinária e fecal. Geralmente, os cães apresentam um ou dos seguintes problemas:
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- Dor na região lombar
- Relutância ao exercício
- Dor e claudicação dos membros posteriores
- Fraqueza dos membros posteriores
- Incoordenação dos membros posteriores
- Incontinência urinária ou fecal
- Fraqueza ou relutância em abanar a cauda
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Os gatos afetados podem ter dificuldade em saltar e dor na zona lombar.
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- Como se diagnostica?
O diagnóstico é feito através do exame neurológico e com recurso a imagiologia avançada como a TAC ou ressonância magnética.
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- Como se trata?
Em casos com sintomas ligeiros, o tratamento não cirúrgico (conservador) pode permitir alguma melhoria na claudicação e/ou dor a curto prazo, e deve ser baseado na aplicação consistente de anti-inflamatórios analgésicos e fisioterapia. O tratamento cirúrgico está indicado em casos que não respondam ao tratamento médico. O objetivo da cirurgia é descompressão do canal da vertebral (técnica cirúrgica – laminectomia) com possível estabilização e distração da articulação lumbosacral. A doença do disco pode envolver extrusão (parte do disco é expelido dentro do canal vertebral) ou protrusão (distensão do anel fibroso que envolve o discos intervertebral e comprime a medula espinhal). Para cães afetados apenas por extrusão ou protrusão do disco intervertebral sem evidência de instabilidade ou compressão das raízes nervosas, a descompressão cirúrgica por laminectomia dorsal pode ser apropriada. A distração e estabilização lumbosacral é conseguida com recurso a um excerto ósseo colocado no espaço intervertebral e a sistemas de placas/pins e cimento ósseo.
- Fraturas da coluna vertebral
- O que é?
As fraturas da coluna vertebral ocorrem quando cães e gatos sofrem traumas graves como acidentes rodoviários e quedas de grandes alturas. As fraturas da coluna vertebral são frequentemente associadas a vários graus de lesão na medula espinhal. Alguns casos podem ser tratados conservadoramente, mas muitas vezes é necessário considerar a cirurgia para estabilizar uma coluna fraturada.
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- Quais os sintomas?
Os sintomas podem variar desde a fraqueza até à paralisia. Os pacientes gravemente afetados podem se tornar incontinentes e perder a capacidade movimentar e sentir dor nos membros.
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- Como se diagnostica?
O exame neurológico pode permitir a localização da fratura ou luxação na coluna vertebral e também permite a avaliação da gravidade da lesão da medula espinhal associada. As radiografias geralmente permitem identificar a fratura ou luxação das vértebras e geralmente são suficientes para fazer um diagnóstico na maioria dos casos. Ocasionalmente, TAC é necessária para fornecer detalhes adicionais da coluna vertebral.
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- Como se trata?
As fraturas e luxações da coluna vertebral são frequentemente emergências médicas devido à lesão da medula espinhal associada e ao risco de danos adicionais e, portanto, precisam ser tratadas com urgência. Algumas fraturas da coluna vertebral podem ser tratadas de forma conservadora sem a necessidade de cirurgia. Isso é particularmente apropriado em pacientes com vértebras relativamente estáveis e lesões mínimas na medula espinhal. Contudo, em fraturas instáveis e/ou lesões significativas na medula espinhal normalmente têm indicação cirúrgica, a qual tem como objetivo realinhar e estabilizar as vertebras afetadas com recurso a parafusos ou pins e fixação com placas ou cimento ósseo.
- Luxação atlanto-axial
- O que é?
A luxação atlanto-axial é uma condição na qual há instabilidade ou movimento excessivo entre ao atlas e o áxis (duas primeiras vértebras no pescoço). Esta malformação é mais frequente em cães de raça pequena (Toy Poodles, Miniature Poodles, Yorkshire Terriers, Pomeranians e Chihuahuas) e menos comum em cães de raças grandes. Os ossos são mantidos juntos por uma série de ligamentos e pela estrutura do próprio osso, que podem ser danificados em caso de trauma com flexão forçada do pescoço. Em alguns cães de raça pequena podem ocorrer malformações na articulação que predispõem a luxação com mínimo trauma. Essa instabilidade comprime a medula espinhal, levando a sinais neurológicos.
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- Quais os sintomas?
Os sintomas estão relacionados à pressão exercida sobre a medula espinhal, sendo o sinal mais comum a dor no pescoço. Os sinais podem se desenvolver de forma aguda (trauma) ou gradual com episódios de sinais clínicos intermitentes. Em cães com predisposição genética, os sinais são frequentemente observados durante o primeiro ano de vida e podem piorar após um trauma aparentemente leve (por exemplo, uma queda ou exercício). Outros sintomas observáveis incluem fraqueza e incoordenação motora. Alguns cães podem manter a cabeça inclinada para o lado ou para baixo. Cães gravemente afetados podem perder a capacidade de respirar devido à paralisia do diafragma. Nestes casos graves, a luxação pode ser fatal.
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- Como se diagnostica?
A luxação AA pode ser diagnosticada com radiografias de rotina (raios-X). Uma radiografia do pescoço, tirada enquanto o pescoço é mantido em uma posição neutra, pode mostrar um espaço anormalmente grande entre o atlas e o áxis ou um ângulo anormalmente agudo nessa articulação. Se as radiografias não forem diagnósticas, imagens avançadas, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética, podem ser necessárias para obter um diagnóstico.
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- Como se trata?
Tratamento não cirúrgico só está indicado em casos de sintomas ligeiros, o qual envolve repouso, analgésicos e imobilização do pescoço durante 6 a 8 semanas. O objetivo é permitir a formação de tecido cicatricial para estabilizar a articulação. Contudo, os riscos da terapia conservadora podem incluir a progressão da doença (incluindo o risco de paralisia ou morte), feridas de fricção da tala/bandagem contra a pele.
Tratamento cirúrgico é indicado nos casos que não respondem ao tratamento conservador ou com sinais neurológicos de longa duração. O objetivo da cirurgia é estabilizar permanentemente a articulação atlantoaxial e aliviar a pressão na medula espinhal, com recurso a parafusos/pins e cimento ósseo/placas.